Bebé esteve mais de 15 horas no ecoponto
Mãe do bebé abandonado sabia que andavam à procura do seu filho, mas nada disse. Chegou mesmo a participar das buscas. Bebé esteve mais de 15 horas no ecoponto

Autor: Adília Vieira | 15 de Novembro de 2019
A mãe do bebé abandonado num ecoponto em Lisboa teve a
criança pelas 2h00 e este só foi encontrado às 17h00 desse dia. Esta sabia dos
rumores sobre um bebé abandonado, chegou mesmo a participar das buscas, mas
remeteu-se ao silêncio. Ontem o pedido de libertação imediata desta jovem
sem-abrigo de 22 anos foi recusado pelo Supremo Tribunal de Justiça.
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou ontem o pedido
de libertação imediata (‘habeas corpus’) da mulher que ficou em prisão
preventiva por abandonar o filho recém-nascido num caixote do lixo em Lisboa,
na passada semana.
O bebé foi abandonado num ecoponto sem roupa e ainda com o
cordão umbilical. A decisão do Supremo revela detalhes sobre o caso, constantes
do primeiro interrogatório à jovem, divulgados pelo Expresso.
Na madrugada de 5 de novembro a jovem deu à luz por volta
das 2h00 junto à discoteca Lux-Fragil e deixou o bebé cair no chão. Colocou-o
num saco que tinha ido buscar a uma tenda de apoio e abandonou-o num ecoponto
por detrás da discoteca. Voltou para a sua tenda junto ao rio Tejo, lavou-se e
desfez-se da roupa suja.
No dia seguinte, quando passeava com o companheiro junto ao
Lux um outro sem-abrigo disse-lhes que tinha visto um bebé nos contentores. O
namorado da jovem foi com esta até aos mesmos vasculhar. A jovem
“visualizou dentro do contentor amarelo o seu filho, mas nada disse e com
medo que o companheiro se apercebesse insistiu com este para que se fossem
embora, o que acabou por acontecer”, pode ler-se no documento do Supremo,
citado pela edição digital do semanário.
A criança foi encontrada pelas 17h00 de terça-feira e a PSP
informou os sem-abrigo do mesmo, mas a jovem optou por não falar com os
polícias com receio de ser descoberta.
Revela ainda o Supremo que a jovem foi vista por uma médica
e, quando questionada, disse que não queria abortar. Quando questionada por
outro sem-abrigo sobre o tamanho da barriga, respondia que tinha problemas de
gases. Quando o companheiro lhe perguntou porque estava suja de sangue naquela
noite, respondeu que era por causa do período.
O bebé, encontrado com vida, nasceu prematuro, com 36
semanas.
A jovem de 22 anos veio de Cabo Verde para Portugal há dois
anos para estudar. Viveu com a mãe, que regressou depois para o seu país,
depois com a irmã, com quem se desentendeu e acabou por ir viver para a rua.
A jovem está em prisão preventiva, indiciada da prática de
homicídio qualificado na forma tentada (tentativa de homicídio qualificado).
A decisão do Supremo sustenta que “ao contrário do que consta
do requerimento de ‘habeas corpus’ [o pedido de libertação imediata]
apresentado, o ilícito imputado à arguida corresponde à prática do crime de
homicídio na forma tentada e não de exposição, abandono ou infanticídio,
salientando-se que, quanto a este último, é determinante a perturbação
pós-parto, que não se afigura compatível com a conduta da arguida, documentada
nos autos e que indicia a sua premeditação na prática dos factos”, cita a Lusa,
que teve acesso à decisão.
Nesse sentido, os juízes conselheiros Nuno Gonçalves
(relator), Pires da Graça (adjunto) e Santos Cabral (presidente da secção)
entendem que “não se afigura que a prisão preventiva da arguida seja ilegal,
devendo manter-se a mesma, porquanto se mostram inalterados os pressupostos que
determinaram a sua aplicação”.
A jovem justificou esta atuação com o facto de estar
desesperada, sem saber o que fazer ao bebé, pois não tinha condições porque
estava na rua. Disse ainda não saber quem é o pai da criança.
Segundo a Polícia Judiciária, a mãe do recém-nascido agiu
sozinha e nunca revelou a gravidez a ninguém, vivendo numa situação “muito
precária na via pública”.
Francisca Van Dunem visita mãe de bebé
A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, visitou, esta
sexta-feira, a reclusa Sara Furtado, que abandonou um bebé recém-nascido, num
caixote do lixo, em Lisboa.
De acordo com a ministra, a reclusa está a receber apoio
psicológico depois de ter sido submetida a uma avaliação por parte dos serviços.
Francisca Van Dunem saiu satisfeita da visita por saber que este cuidado, uma
responsabilidade da administração prisional, está a ser prestado. “Saio
daqui confortada com a ideia de que está tudo a funcionar como devia”,
declarou.
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O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou ontem o pedido de libertação imediata (‘habeas corpus’) da mulher que ficou em prisão preventiva por abandonar o filho recém-nascido num caixote do lixo em Lisboa, na passada semana.
O bebé foi abandonado num ecoponto sem roupa e ainda com o cordão umbilical. A decisão do Supremo revela detalhes sobre o caso, constantes do primeiro interrogatório à jovem, divulgados pelo Expresso.
Na madrugada de 5 de novembro a jovem deu à luz por volta das 2h00 junto à discoteca Lux-Fragil e deixou o bebé cair no chão. Colocou-o num saco que tinha ido buscar a uma tenda de apoio e abandonou-o num ecoponto por detrás da discoteca. Voltou para a sua tenda junto ao rio Tejo, lavou-se e desfez-se da roupa suja.
No dia seguinte, quando passeava com o companheiro junto ao Lux um outro sem-abrigo disse-lhes que tinha visto um bebé nos contentores. O namorado da jovem foi com esta até aos mesmos vasculhar. A jovem “visualizou dentro do contentor amarelo o seu filho, mas nada disse e com medo que o companheiro se apercebesse insistiu com este para que se fossem embora, o que acabou por acontecer”, pode ler-se no documento do Supremo, citado pela edição digital do semanário.
A criança foi encontrada pelas 17h00 de terça-feira e a PSP informou os sem-abrigo do mesmo, mas a jovem optou por não falar com os polícias com receio de ser descoberta.
Revela ainda o Supremo que a jovem foi vista por uma médica e, quando questionada, disse que não queria abortar. Quando questionada por outro sem-abrigo sobre o tamanho da barriga, respondia que tinha problemas de gases. Quando o companheiro lhe perguntou porque estava suja de sangue naquela noite, respondeu que era por causa do período.
O bebé, encontrado com vida, nasceu prematuro, com 36 semanas.
A jovem de 22 anos veio de Cabo Verde para Portugal há dois anos para estudar. Viveu com a mãe, que regressou depois para o seu país, depois com a irmã, com quem se desentendeu e acabou por ir viver para a rua.
A jovem está em prisão preventiva, indiciada da prática de homicídio qualificado na forma tentada (tentativa de homicídio qualificado).
A decisão do Supremo sustenta que “ao contrário do que consta do requerimento de ‘habeas corpus’ [o pedido de libertação imediata] apresentado, o ilícito imputado à arguida corresponde à prática do crime de homicídio na forma tentada e não de exposição, abandono ou infanticídio, salientando-se que, quanto a este último, é determinante a perturbação pós-parto, que não se afigura compatível com a conduta da arguida, documentada nos autos e que indicia a sua premeditação na prática dos factos”, cita a Lusa, que teve acesso à decisão.
Nesse sentido, os juízes conselheiros Nuno Gonçalves (relator), Pires da Graça (adjunto) e Santos Cabral (presidente da secção) entendem que “não se afigura que a prisão preventiva da arguida seja ilegal, devendo manter-se a mesma, porquanto se mostram inalterados os pressupostos que determinaram a sua aplicação”.
A jovem justificou esta atuação com o facto de estar desesperada, sem saber o que fazer ao bebé, pois não tinha condições porque estava na rua. Disse ainda não saber quem é o pai da criança.
Segundo a Polícia Judiciária, a mãe do recém-nascido agiu sozinha e nunca revelou a gravidez a ninguém, vivendo numa situação “muito precária na via pública”.
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A ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, visitou, esta sexta-feira, a reclusa Sara Furtado, que abandonou um bebé recém-nascido, num caixote do lixo, em Lisboa.
De acordo com a ministra, a reclusa está a receber apoio psicológico depois de ter sido submetida a uma avaliação por parte dos serviços. Francisca Van Dunem saiu satisfeita da visita por saber que este cuidado, uma responsabilidade da administração prisional, está a ser prestado. “Saio daqui confortada com a ideia de que está tudo a funcionar como devia”, declarou.

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