O cantor belga Art Sullivan morreu esta sexta-feira, aos 69
anos, vítima de um cancro no pâncreas. Será para sempre recordado pela cantiga
“Petite Demoiselle” e muitas mais, que fizeram dançar várias
gerações.
Marc Liénart Van Lidth de Jeude, nome verdadeiro de
Sullivan, nasceu a 22 de novembro de 1950, e escreveu canções como “Petite
Fille aux Yeux Bleus”, “Ensemble” e “Adieu Sois
Heureuse” que se tornaram temas de grande popularidade.
Em 2020, iria celebrar 45 anos de carreira com dez grandes
espectáculos.
Os momentos altos do seu percurso artístico aconteceram,
sobretudo, durante os anos 70, tendo dominado a rádio em Portugal e atuado no
país em diversas ocasiões.
Numa das suas muitas entrevistas em Portugal terá dito:
“quando morrer, quero que as minhas cinzas sejam deitadas ao mar, em
Cascais. Adoro Portugal, venho cá várias vezes por ano. Não é muito
politicamente correto, mas costumo dizer que a Bélgica é o meu amor e Portugal
a minha amante”.
O artista atuou em Portugal, pela última vez, em agosto deste
ano, nas Caldas da Rainha.
Líder de vendas no início da década de 1970, com canções
românticas, numa altura em que a língua inglesa, bandas e cantores como Rolling
Stones, Deep Purple, Eagles, Elton John, Alice Cooper, Roberta Flack, Gilbert
O’Sullivan e Don McLean mobilizavam atenções, Art Sullivan afirmou-se na cena
musical internacional desde a edição do seu primeiro disco,
“Ensemble”, em 1972.
Nos anos seguintes, manteve o seu lugar na primeira linha,
com canções como as acima referidas “Petite Demoiselle”, “Petite
fille aux yeux bleus”, “Adieu sois heureuse”, mas também “Une
larme d’amour” e “Donne Donne moi”, somando mais de dez milhões
de discos vendidos.
O adeus aos palcos e um desejo para os mais novos
O músico abandonaria os palcos em 1978, para privilegiar a
produção audiovisual, embora regressasse pontualmente às canções. Assinou
séries documentais sobre cidades belgas e famílias reais europeias.
No início dos anos 2000 surgiram algumas reedições dos seus
êxitos, em compilações de CD como “Cette Fille La” e, em 2014,
publicou a sua biografia, “Art Sullivan: Drole de Vie en Chansons”,
escrita por Dominique de York.
A carreira de Art Sullivan contou com o trabalho do produtor
Jacques Verdonck, que estabeleceu os parâmetros e o “sucesso atípico”
do seu percurso, como escreve a estação RTBF.
Em 2010, numa entrevista à Lusa, quando lançou um álbum
comemorativo de 35 anos de carreira, o criador de “C’est la vie, c’est
joli” disse que deixou de cantar em 1978, por considerar “que não
havia lugar” para a música que fazia.
Sobre as suas canções, disse esperar que os mais novos as
descobrissem e os mais velhos as recordassem.
O músico sublinhou que “a música se faz de emoções e
sonho” e destacou a internet como “uma grande revolução da
música”.
Sobre a música em francês, da época, Art Sullivan
considerou-a “uma catástrofe”. “Agora é o domínio do
inglês”, reconheceu.
O músico referiu ainda que “o império da língua inglesa
obriga que outros cantores, franceses, portugueses ou dinamarqueses, por
exemplo, tenham de cantar em inglês para se internacionalizar”.
“É uma grande pobreza cultural, é mesmo uma catástrofe, é como termos todos de ir comer ao McDonald’s seja em Bruxelas, Madrid ou Lisboa”, acrescentou Art Sullivan.