O músico, compositor e cantor José Mário Branco morreu esta
terça-feira aos 77 anos. A notícia foi confirmada à Agência Lusa pelo seu
manager, Paulo Salgado.
José Mário Branco editou o primeiro longa-duração,
“Mudam-se os tempos mudam-se as vontades”, ainda no exílio em França,
em 1971, musicando textos de Natália Correia, Alexandre O’Neill, Luís de Camões
e Sérgio Godinho.
O último álbum de originais, “Resistir é vencer”,
data já de 2004. Depois disso, José Mário Branco participou no projecto Três
Cantos, ao lado de Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias, que resultou numa
série de concertos, um álbum e um DVD.
No entanto, os 50 anos de vida musical do autor português
são marcados a partir da gravação em 1967 do primeiro EP, “Seis cantigas
de amigo”, editado dois anos depois pelos Arquivos Sonoros Portugueses.
A edição de “Ser solidário”, de 1982, inclui a
gravação de “FMI”, uma das composições mais célebres de José Mário
Branco.
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é
considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa,
em particular no período da revolução de abril de 1974, cujo trabalho se
estende também ao cinema, ao teatro e à ação cultural.
Foi fundador do GAC – Grupo de Acção Cultural, fez parte da
companhia de teatro A Comuna, fundou o Teatro do Mundo, a União Portuguesa de
Artistas e Variedades e tem colaborado na produção musical para outros
artistas, nomeadamente Camané, Amélia Muge, Samuel e Nathalie.
En 2016, José Mário Branco assegurou a direção musical do
filme “Alfama em si”, de Diogo Varela Silva.
A vida de José Mário Branco foi passada em revista, com a
participação do próprio músico, no documentário “Mudar de vida”, de
Nelson Guerreiro e Pedro Fidalgo.
“UM DISCO PARA JOSÉ MÁRIO BRANCO”
Este ano, mais de dez artistas, como Osso Vaidoso, Ermo, Camané
ou Walkabouts interpretaram temas de José Mário Branco, num disco-tributo.
“O objetivo era mostrar a plasticidade da música do Zé Mário Branco, é
muito abrangente e inspirou muita gente de várias gerações. A obra dele é um
mundo”, afirmou à agência Lusa Rui Portulez, produtor executivo do álbum.
“Depois de José Afonso, é este José o nome mais
importante a fixar na música de intervenção, em particular, e como referência
incontornável da música portuguesa, em geral”, afirma Rui Portulez num dos
textos que acompanham o álbum.
Nascido no Porto em 1942, José Mário Branco cumpriu em 2018
meio século de carreira, tendo editado um duplo álbum com inéditos e raridades,
gravados entre 1967 e 1999.
A edição sucede à reedição, no ano anterior, de sete
álbuns de originais e um ao vivo, de um período que vai de 1971 e 2004.
Na altura, em declarações à Lusa, José Mário Branco dizia
que não dava qualquer importância a efemérides e celebrações de datas redondas.
“Não são coisas que me motivem muito, tenho respeito
pelo respeito das pessoas, mas essas histórias das efemérides…”, afirmou.
O compositor não mostrava, então, pressas em gravar coisas
novas, por preferir trabalhar para outros músicos – “Não me sinto menos
interessado por não ser eu a cantar” – e a isto juntava ainda uma certa
resistência em subir a um palco.
“Comecei a sentir-me um bocado museológico em cima do
palco. Há uns tempos que eu não faço concertos nem recitais, mas felizmente não
paro de trabalhar e de fazer coisas de que gosto imenso”, disse.
Em agosto, a RTP1 estreou um documentário sobre José Mário
Branco, que fez parte da série de produções “Vejam Bem”. O episódio encontra-se
disponível na RTP Play.